Capítulo 26

AQUELA NOITE SERIA UM DESAFIO. Sim, as fotos com Ean tinham ficado fantásticas nos jornais, e sim, a gravação do programa de perguntas e respostas ficou encantadora. Porém, comecei a pensar que talvez Gavril se sentiria obrigado a falar sobre a eliminação de Jack e Burke em vez de focar os candidatos remanescentes.
O pior era que eu não sabia se teria muito que dizer sobre os candidatos do jeito que as coisas iam.
Meu pai dera início às checagens de segurança e, a não ser que os guardas fossem muito rápidos, eu ficaria sem encontros na semana seguinte… O que resultaria em nada para compartilhar com o público no próximo Jornal Oficial. Naquela noite tinha que causar impacto, mas eu não sabia como.
Eu também não conseguia me livrar da sensação de que havia algo errado, de que me faltava uma peça-chave para melhorar o andamento da Seleção.
A meu ver, o processo não era um completo desastre: pelo menos eu tinha conhecido Kile, Henri, Hale e Fox. Mas, para o público, tudo estava indo por água abaixo.
Ainda que eu só tivesse dedicado um milissegundo de atenção aos jornais naquela manhã, lembrava da minha imagem no dia do desfile, encolhida no carro alegórico. Pior que isso: ainda podia ver as pessoas na calçada, rindo, com o dedo apontado para mim. Já tínhamos expulsado dois candidatos por mau comportamento na mesma semana, e o impacto disso apagava qualquer momento romântico.
As coisas pareciam ruins, bem ruins.
Fiquei no quarto, desenhando, tentando organizar as ideias. Tinha que haver um modo de virar o jogo, de transformar a Seleção em algo bom.
Meu lápis corria pela página. Cada linha traçada me trazia uma sensação boa, quase como se tivesse resolvido um problema. Eu provavelmente não poderia falar sobre meus encontros daquela semana. Mencionar um implicaria a obrigação de falar sobre todos, e eu não queria lembrar das mãos de Jack em mim.
Em vez de contar sobre os encontros, talvez pudesse falar do que conhecia sobre os rapazes. Havia muito que elogiar e, se eu desse a impressão de estar apaixonada pelos talentos deles, faria sentido estar confusa quanto a quem escolher. Nesse caso, o problema não era a Seleção, mas o excesso de boas alternativas.
Meu desenho ficou pronto junto com o meu plano. Era bonito: um vestido frente-única, bem justo até o meio das coxas. Sobre ele, uma saia longa e translúcida o fazia parecer comportado. As cores – vermelho tinto para o vestido e marrom dourado para a sobressaia – conferiam ao modelo um delicioso ar outonal.
Já conseguia imaginar o penteado que combinaria. Sabia até quais joias ficariam boas. Mas, olhando bem, sabia que o vestido era mais apropriado para uma atriz que para uma princesa.
Eu o achava maravilhoso, mas a opinião dos outros me preocupava. Na verdade, ela importava mais do que nunca na minha vida.
— Oh, Alteza! — exclamou Neena ao entrever o desenho de passagem.
— Gostou?
— É a coisa mais glamorosa que já vi.
Olhei fixamente para o desenho.
— Você acha que eu poderia usá-lo no Jornal Oficial sem grandes consequências?
Neena fez cara de que eu já devia saber a resposta.
— A senhorita vai estar coberta dos pés à cabeça. Desde que não pretenda revesti-lo de brilhantes, não vejo por que não.
Acariciei o papel quase como se pudesse tocar o vestido.
— Posso começar? — Neena perguntou com uma ponta de entusiasmo na voz.
— Na verdade, você poderia me levar até o ateliê? Acho que quero ajudar neste aqui. Vou usá-lo esta noite.
— Eu ficaria encantada.
Peguei meu caderno e a segui pelo corredor, mais empolgada do que nunca.


A maratona de corte e costura valeu a pena quando entrei no estúdio do Jornal Oficial e a primeira coisa que vi foi a inveja escancarada nos olhos de Josie. Eu estava com saltos dourados e cacheei os cabelos até a altura do ombro. Acho que nunca tinha me sentido tão bonita. Os olhares descarados dos Selecionados apenas confirmaram que eu estava particularmente adorável naquela noite, e eu estava tão maravilhada que precisei virar de costas para ocultar o sorriso.
Foi então que senti que algo estava errado. O ambiente estava tenso, o que se sobrepôs ao meu orgulho pelo vestido ou à sensação de ser admirada pelos garotos. Quase senti calafrios.
Olhei ao redor em busca de pistas. Meus pais estavam no canto e tentavam ser discretos. O cenho franzido de meu pai e os gestos nervosos de minha mãe revelavam que havia mesmo algo errado. Só que eu não tinha certeza se podia ir falar com eles. Será que uns dias de silêncio bastavam?
— Ei! — Baden me surpreendeu.
— Oi.
— Assustei você?
Educada, dei atenção a ele.
— Não, estou bem. Um pouco perdida em pensamentos. Precisa de algo?
— Bom, queria saber se posso convidá-la para um jantar ou alguma outra coisa esta semana? Talvez outro dueto musical? — ele perguntou antes de morder o lábio e fingir tocar uma guitarra invisível.
— Que fofo da sua parte. Mas segundo a tradição sou eu quem faz os convites.
Ele deu de ombros.
— E? A história de cozinhar não aconteceu porque os caras convidaram você?
Apertei os olhos, tentando recordar.
— Talvez, tecnicamente.
— Então, como não fui criado no palácio, não posso convidar, mas Kile pode?
— Garanto que Kile tem menos vantagem do que você imagina — respondi, rindo ao pensar em todo o tempo que passamos odiando um ao outro.
Baden permaneceu imóvel, calado e descrente.
— Claro.
Fiquei completamente chocada quando ele se retirou, com as mãos no bolso e passos firmes. Por acaso eu tinha cometido alguma grosseria? Fui sincera. E, na verdade, nem cheguei a rejeitar o convite.
Tentei não me abalar com aquela afronta e me concentrar no meu dever daquela noite: ser encantadora e graciosa, e tentar convencer a todos de que estava me apaixonando.
Foi então que meu pai passou por mim, e segurei seu braço com delicadeza.
— Qual o problema? — quis saber.
Ele balançou a cabeça e acariciou minha mão.
— Nada, querida.
Aquela mentira me chocou mais que a rejeição de Baden. As pessoas zanzavam pelo estúdio, dando ordens e conferindo anotações. Ouvi a risada de Josie, que logo alguém fez calar. Os garotos conversavam entre si num volume um pouco mais alto do que seria considerado adequado. Baden estava de cara amarrada ao lado de Henri e ignorava a todos. Levei a mão à barriga e tentei me acalmar.
Ao lado de Henri, na parte escura dos bastidores, vi uma mão acenar. Era Erik, de pé no canto, esperando para tomar seu lugar escondido. Assim que captou minha atenção, fez um sinal de positivo, tentando confirmar se estava tudo bem comigo. Dei de ombros. Ele apertou os lábios e pronunciou as palavras sinto muito. Dei um sorriso tenso e retribui seu gesto de positivo. Não era bem verdade, mas era só o que eu podia fazer. Erik acenou com a cabeça, o que estranhamente me deixou confortada. Pelo menos uma pessoa ali parecia entender como eu me sentia.
Respirei fundo e fui para o meu lugar, entre minha mãe e Ahren.
— Alguma coisa está errada — cochichei com ele.
— Eu sei.
— Sabe o que é?
— Sim.
— Vai me contar?
— Depois.
Suspirei. Como eu ia me apresentar com aquela preocupação na cabeça?
Não houve notícias. Meu pai fez um breve discurso, no qual não consegui me concentrar nem um pouco. Só conseguia ver as rugas ao redor dos olhos dele, os ombros curvados sob o fardo das preocupações, fossem quais fossem.
No meio do programa, Gavril avançou para o meio do palco e anunciou que tinha algumas perguntas para os Selecionados. Pude notar que, nessa hora, todos os rapazes endireitaram a gravata ou o punho da camisa e assumiram posturas mais assertivas.
— Então, vejamos… Sr. Ivan?
Na primeira fileira, mais perto do centro do palco, Ivan ergueu a mão.
— Tem aproveitado a Seleção até o momento? — Gavril perguntou.
Ivan deu uma risadinha.
— Aproveitaria mais se conseguisse um encontro a sós com a princesa. — Ele piscou para mim, e senti meu rosto pegar fogo.
— Imagino que não seja fácil para a princesa arrumar tempo para todos — Gavril comentou graciosamente.
— Claro! Não é uma reclamação. É só uma esperança — Ivan acrescentou, ainda rindo como se tudo não passasse de uma piada.
— Bom, talvez você consiga pressionar a princesa esta noite e convencê-la a arrumar tempo para você. Diga-nos: na sua opinião, qual é a função mais importante de um futuro príncipe?
Ivan parou de rir.
— Não sei. Acho que é importante apenas ser uma boa companhia. A princesa Eadlyn é obrigada a estabelecer diversas relações por causa do trabalho, e acho que seria bacana ser uma das pessoas que ela sempre vai querer por perto. Só para se divertir, sabe?
Tentei não fazer cara feia. “Você é uma relação forçada, querido”, pensei.
— Interessante — Gavril comentou. — E quanto a você, Sr. Gunner?
Gunner era do time dos baixinhos. Na verdade, ele parecia quase minúsculo ao lado do giganteIvan. Tentou endireitar a postura, mas não adiantou.
— Penso que o futuro príncipe deva estar sempre disponível. Você já mencionou a agenda cheia da princesa. Alguém que faça parte da vida dela precisa ser capaz de ajudar. Claro, ainda não sei como isso funciona, mas acho importante ter em mente que sua vida e suas prioridades devem mudar.
Gavril fez uma cara de aprovação e meu pai puxou uma salva de palmas para Gunner. Eu também aplaudi, mas era estranho. Era uma pergunta séria, e eu não sabia se me agradava vê-la convertida em entretenimento.
— Sr. Kile, você passou a vida inteira no palácio — Gavril disse enquanto cruzava o palco. — Como você acha que sua vida mudaria caso se tornasse príncipe?
— Eu precisaria dar muito mais atenção à minha higiene.
— Pffffff! — levei a mão à boca de vergonha, mas não consegui parar de rir.
— Ah! Parece que alguém ali concorda.
Atrás de Kile, Henri ria atrasado. Claro: tinha ouvido a resposta com defasagem. Gavril percebeu a presença do rapaz e deu uns passos para trás.
— Sr. Henri?
Henri confirmou com a cabeça, mas era evidente o terror em seus olhos.
— Qual sua opinião sobre tudo isso? Para você, qual será o papel mais importante do futuro príncipe?
Ele tentou não demonstrar medo ao se inclinar para o lado e ouvir Erik. Assim que compreendeu, acenou com a cabeça.
— Ah, ah, sim. O príncipe deve sendo para princesa… humm…
Levantei. Não consegui suportar.
— Henri? — chamei, e todos os olhares se voltaram para mim. Gesticulei para que ele se juntasse a mim no meio do palco, o que ele fez, descendo cuidadosamente do seu lugar.
— Erik? Você também — acrescentei.
Henri esperou o amigo dar a volta por trás do cenário. Erik parecia nervoso; não estava preparado para os holofotes. Com um sorriso no rosto, Henri cochichou algo em seu ouvido que o fez relaxar.
E os dois foram ao encontro de Gavril.
Passei o braço pelo de Henri, e Erik entrou em “modo sombra”, posicionando-se logo atrás de nós.
— Gavril, o Sr. Henri foi criado na Noruécia. Sua língua nativa é o finlandês, por isso ele precisa de um intérprete.
Nesse momento, apontei para Erik, que acenou brevemente com a cabeça antes de voltar à obscuridade.
— Tenho certeza de que Henri ficaria feliz em responder a pergunta — continuei —, mas acho que seria bem mais fácil se Erik não estivesse escondido atrás da estrutura dos assentos.
Henri sorriu quando Erik traduziu o que eu tinha dito. Senti um orgulho estranho quando ele estendeu a mão e apertou levemente o meu braço.
Após uma pausa para se recompor, Henri deu sua resposta. Notei que pensou bem nas palavras e, embora estivesse desprevenido, falou de maneira segura. Quando finalmente terminou, todos os olhares recaíram sobre Erik.
— Ele disse que o futuro príncipe deve lembrar que não se trata de assumir um único papel, mas vários: marido, consultor, amigo e muitos outros. Precisa estar preparado para estudar e trabalhar tanto quanto a princesa, e estar disposto a deixar seu ego de lado para servir.
Erik pôs as mãos atrás das costas, e notei que tentava lembrar as últimas palavras do amigo.
— E o futuro príncipe também precisa compreender que a princesa aguenta uma pressão que ele jamais conseguiria suportar, e que às vezes precisaria estar pronto para ser apenas um palhaço.
Ri, contente por ver o enorme sorriso de Henri quando Erik concluiu. Todos os presentes irromperam em aplausos. Fiquei na ponta dos pés e sussurrei ao seu ouvido:
— Bom, bom.
Henri ficou radiante.
— Bom, bom?
— Alteza, mas essa é uma situação complicada para o desenrolar da Seleção — Gavril admirou-se. — Como a senhorita consegue?
— No momento, com paciência e Erik.
Um burburinho de risos ecoou no estúdio.
— Mas como é possível? Em algum momento isso vai ter que mudar.
Aquela foi a primeira vez na vida que senti vontade de correr, pegar minha cadeira e arremessar pelo cenário até Gavril Fadaye.
— Sim, provavelmente, mas com certeza existem coisas piores que a barreira da linguagem.
— Poderia nos dar alguns exemplos?
Gesticulei para que Henri e Erik voltassem aos seus lugares, e tive que me segurar bastante para não rir da rapidez de Erik. Henri me deu um sorriso carinhoso ao sair, o que me deixou inspirada.
— Bom, já que isso começou com Henri, permita-me usá-lo como exemplo. Temos dificuldades para nos comunicar, mas ele é uma pessoa incrivelmente gentil. Por outro lado, Jack e Burke falavam inglês perfeitamente, mas se comportaram muito mal.
— Sim, todos soubemos da briga de Burke. Aliás, fico feliz pela senhorita ter escapado ilesa daquela confusão.
Sem ferimentos? Com certeza. Ilesa? Questionável. Mas ninguém ia querer me ouvir falar sobre aquilo.
— Sim. De qualquer maneira, eles parecem ser a exceção, não a regra. Há muitos candidatos que eu poderia elogiar.
— É mesmo? Por favor, que não seja eu a impedi-la!
Sorri e olhei para os garotos.
— O Sr. Hale tem um gosto incrível e é alfaiate. Não ficaria surpresa se visse o país inteiro coberto por seus modelos um dia.
— Adorei o vestido! — ele gritou.
— Fui eu que fiz! — gritei de volta, incapaz de conter meu orgulho.
— Perfeito.
— Viu? — disse, voltando a encarar Gavril. — Eu disse que ele tinha bom gosto.
Olhei ao redor de novo e prossegui:
— Claro, já mencionei os dotes musicais do Sr. Baden, mas vale a pena recordá-los. Ele é muito talentoso.
Baden acenou rapidamente com a cabeça. Se ainda estava irritado, disfarçou bem.
— O Sr. Henri, descobri, é um cozinheiro maravilhoso. E não é fácil me impressionar nesse quesito. Como você sabe, os chefs do palácio podem competir com qualquer um do mundo. Portanto, acredite quando digo que você teria inveja de mim porque pude experimentar a comida dele.
Mais risos tomaram o ambiente. Entrevi o rosto de meu pai em um dos monitores, e ele parecia muito, mas muito satisfeito.
— O Sr. Fox… Bom, alguns podem não ter consciência do valor dessa habilidade, mas ele é capaz de ver o que há de positivo em qualquer situação. A Seleção pode ser estressante, mas, mesmo assim, ele sempre vê o lado bom. É um prazer tê-lo por perto.
Meus olhos e os de Fox se encontraram. Mesmo com o corte na cabeça e o olho inchado aparecendo um pouco através da maquiagem, ele parecia o menos ameaçador possível. Estava feliz por tê-lo deixado ficar.
— Alguém mais? — Gavril indagou, e corri os olhos pelos garotos. Sim, restava um.
— A maior parte das pessoas custa em acreditar que não conheço o Sr. Kile tão bem, apesar de termos morado a vida inteira no mesmo lugar. Mas é verdade. A Seleção me permitiu conhecê-lo muito melhor. Agora sei que ele é um arquiteto promissor. Se algum dia precisasse construir um segundo palácio, ele seria a primeira pessoa que eu chamaria.
Alguns suspiros doces ecoaram pelo estúdio diante da perspectiva de que os dois amigos de infância pudessem finalmente se apaixonar.
— Embora eu concorde que ele precisa de ajuda no quesito higiene — acrescentei, o que levou o público a gargalhar mais uma vez.
— Parece que esse grupo conta com jovens impressionantes! — Gavril declarou ao puxar mais uma salva de palmas para eles.
— Com certeza.
— Então, se a senhorita está tão impressionada, tenho que perguntar: alguém já conquistou um lugar especial em seu coração?
Quando dei por mim, estava enrolando o cabelo com o dedo.
— Não sei.
— Ora, ora!
Dei uma risadinha e baixei o olhar. Não era de verdade… era?
— Será que é um dos que a senhorita mencionou?
Dei uma palmadinha brincalhona no braço dele.
— Minha nossa, Gavril!
Ele segurou o riso, como quase todos os presentes. Me abanei com a mão e voltei a olhar para ele.
— A verdade é que ainda é difícil falar publicamente sobre isso, mas espero ter mais a dizer no futuro.
— Que notícia maravilhosa, Alteza. Uno-me ao país inteiro quando lhe desejo boa sorte na procura de um parceiro.
— Obrigada.
Inclinei a cabeça com pudor, e lancei um olhar casual na direção de meu pai.
A expressão em seu rosto era um misto de descrença e otimismo. Vê-lo assim era ao mesmo tempo triste e alegre para mim: por um lado, eu tinha muitas incertezas em relação àquela história toda; por outro, via que mesmo a mais frágil possibilidade de me apaixonar era capaz de tirar bastante preocupação de seus olhos.
Por enquanto, era o bastante.

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