Dezoito

ERA UMA SEGUNDA-FEIRA À NOITE. Ou terça-feira de manhã. Era tão tarde que eu não sei nem dizer.
Kriss e eu tínhamos trabalhado o dia inteiro para encontrar amostras de tecido adequadas, enquanto os mordomos nos mostravam todas ao mesmo tempo. Ainda tivemos que selecionar nossas roupas, joias e as louças; fazer uma prévia do cardápio; e por fim, ouvir o professor de idiomas falar italiano na esperança de gravarmos um pouco da língua. Pelo menos, eu tinha a vantagem de falar espanhol, o que me ajudava a pegar as coisas com mais rapidez; as duas línguas eram bem parecidas. Kriss dava o seu máximo para acompanhar. O normal seria eu estar exausta, mas só conseguia pensar nas palavras de Maxon. O que acontecera com Kriss? Por que ela, de repente, ficou tão íntima dele? Será que eu devia me preocupar tanto com isso?
Mas era Maxon.
E por mais que tentasse, ainda me importava com ele. Não estava pronta para abrir mão totalmente. Tinha que haver uma solução. Refletindo sobre os últimos acontecimentos, na tentativa de entender meus problemas, me pareceu que tudo podia ser enquadrado em quatro categorias:
• o que eu sentia por Maxon;
• o que Maxon sentia por mim;
• o que havia entre mim e Aspen;
• o que eu achava de verdade sobre me tornar princesa.
Entre todas as coisas flutuando na minha cabeça, a história de ser princesa parecia a mais fácil de atacar. Pelo menos nessa questão, eu tinha algo a mais que as outras meninas. Eu tinha Gregory.
Fui até a banqueta do piano e peguei seu diário, esperando de coração encontrar ali alguma nota de sabedoria para mim. Ele não nasceu em uma família real; deve ter precisado se adequar. Pelo que dizia em sua anotação sobre o Halloween, ele já devia estar se preparando para uma grande mudança no futuro. Abri o livro com todo o cuidado e mergulhei em suas palavras.

Quero encarnar o bom e velho ideal americano. Tenho uma bela família e sou muito rico. Essas duas coisas casam com essa imagem porque não as recebi de ninguém. Qualquer um que me veja agora saberá que trabalhei muito pelo que tenho.
Mas o fato de eu usar minha posição para dar muito àqueles que não têm ou não podem transformou-me, de um bilionário anônimo, em um filantropo. Ainda assim, não posso parar por aí. Preciso fazer mais, ser mais. Wallis está no comando, não eu. Preciso pensar em como dar ao povo o necessário sem ser visto como um usurpador. Chegará a hora de eu liderar e fazer o que julgo correto. Por ora, jogarei através das regras e irei o mais longe que puder com isso.

Tentei absorver um pouco de sabedoria daquelas palavras. Ele disse para usar a posição. Disse para jogar através das regras. Disse para não temer.
Talvez isso tivesse que ser suficiente. Só que não foi. Não passou nem perto de me ajudar. Como Gregory falhara comigo, só havia outro homem com quem eu podia contar. Me sentei à escrivaninha, peguei caneta e papel e escrevi uma carta breve para meu pai.

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