Capítulo 13


JÁ ESTÁVAMOS NO meio de abril quando um dia cheguei em casa e
nem acreditei no que estava acontecendo. Tive a maior surpresa dos
últimos tempos. A maior alegria, o melhor momento…
Melhor que picolé de limão!
Melhor que um balde de batata frita com ketchup!
Melhor que meu macarrão com gorgonzola e nozes!

Muito melhor!

Ao abrir a porta do quarto, meu celular fez plim. Olhei para ele e…
tchanããã! Era um convite! Para mim! Para minha pessoa! Sim! Sim! Isso
mesmo!!!! Era a primeira vez na vida que um convite chegava para mim!
E não era engano! E mais: não era convite de loja anunciando promoção,
não! Era festa! Sim! Festa!!!
Alou, Brasil, polo norte e China!


ORELHA

Aniversário do Orelha! Partiu? Clube Piraquê,
dia 25 de abril, das 21h até o sol raiar. Vai

encarar?




Dei um berro.
Logo minha avó veio ver o que tinha acontecido.
– Que foi, minha filha? Se machucou? – perguntou, com desespero
nos olhos.
– Não, Vó! Fui convidada pra uma festa!
– Não!!
– Sim!!
– Ô, minha filha… Dá um abraço na vovó, dá?
– Eu ouvi bem? Você foi convidada para uma festa? – Era meu pai
que chegava também.
– Fui, pai! Não é o máximo!?
– O máximo! – reagiu ele, genuinamente feliz.
As pessoas se dividem em duas categorias: as que são convidadas
para tudo e as que não são convidadas para nada. Eu, obviamente, me
enquadro no segundo grupo. Tenho plena noção de que um adolescente
de 15 anos que vive indo aos mais variados eventos jamais entenderia
minha imensa alegria por causa de um convite.
A única festa para a qual eu fui convidada me marcou como uma das
piores experiências da minha vida. Nem teve convite. Soube na escola
antiga que uma menina daria uma festa a fantasia e fazia questão que eu
fosse. Lembro tanto da quentura de felicidade que subiu pelo meu
corpo… Quase abracei a Suzana, a garota que me contou da tal festa. Era
festão, salão de festas, superprodução. Fui de Mulher Maravilha, que eu
amo (sempre quis ter um avião invisível para chamar de meu)!
Obviamente, eu era a única fantasiada.
Foi uma derrota. DERROTA. E a aniversariante nem tinha me
convidado! Nem sabia da minha existência, mas disse que achou bom eu
ir para “divertir o povo”. Não consegui ficar nem cinco minutos. Saí me
acabando de chorar enquanto os convidados se acabavam de rir. Nunca
vou entender qual é a graça de fazer isso com alguém. E a Suzana nem
pediu desculpas. Fez de maldade. Isso é maldade, né? Enfim… Acho que
o Orelha não faria nada parecido comigo. Até porque agora eu tinha
como confirmar se ia ter festa mesmo com Zeca, Davi, Samantha e… meu
lindo Erick.
Dali a alguns minutos, meu avô entrou no quarto e me entregou um
envelope.
– O que é isso vovô?
– É para você. Para a festa. Compre uma roupa bem bonita, você
merece!
Corri para dar um abraço apertado naquele homem que era tão
especial para mim. Ele realmente não existia! Eu tinha muita sorte de

tê-lo na minha vida!

                                              
                                                            ***



Na manhã seguinte, na escola, para minha alegria, todo mundo só
falava do aniversário do Orelha.
– É pra zoar até a madrugada! Quero ver quem aguenta! – repetia ele,
com aquele sorriso que não saía da cara.
– Que tipo de gente você chamou, Orelha? – quis saber Valentina
Intrometidina, aquela fofura de pessoa.
– Chamei geral. Até os professores!
– Professores? Eeeeca! – A cara de buzina torceu o nariz.
– Qual o problema?
– Que professor que vai à festa de aluno, Orelha? – perguntou Laís.
– Na boa, não sei como você consegue ser tão simpático com todo
mundo – comentou a Metidina.
– Eu sou incrível, Valentina! E não me enche muito o saco que falta
isso aqui pra eu te desconvidar – Orelha rebateu, sem pensar duas
vezes.
E Orelha virou ali, naquele momento, meu maior ídolo.
– Ai, seu grosso! – resmungou a Rainha da Cocada Pretina.
– Uma festa sem a Valentina não é festa, Orelha – comentou Bianca.
– Vocês babam muito o ovo dessa garota. Pensa que ela tá com essa
bola toda? Tá nada! Quero ver se no dia que ela e o Erick terminarem
vocês vão puxar o saco dela assim – Orelha mandou.
– Eu e o Erick somos pra sempre, tá, seu invejoso? – Valentina
tentou sair por cima.
– Eu não teria tanta certeza… – Orelha falou, plantando a semente da
dúvida na menina.
Valentina mudou drasticamente de fisionomia.
– Por que você tá falando isso? Ele comentou alguma coisa com você?
A gente tá tão bem que… – ela desandou a falar, desconcertada.
– Claro que não, garota! Tô zoando! – ele falou, mas ninguém
entendeu muito se era para zoar mesmo ou não.
E já era. A pulga tinha ficado atrás da orelha da Metidina. Todo o

meu amor ao Orelha.

                                                      
                                                               ***


No outro dia, tudo correu bem, embora Davi estivesse disperso como
eu nunca tinha visto. Não participou das aulas, não anotou muito as
coisas… Parecia que não estava lá. No intervalo, perguntei se estava tudo
certo.
– Mais ou menos. Meu avô não está muito bem… Mal saiu do hospital
e já está ruinzinho de novo…
– Puxa, Davi… Não sabia. Posso ajudar em alguma coisa? – ofereci.
– Obrigado, Tetê. Vai ficar tudo bem, eu espero. Estou só triste. Mas
o Dudu está voltando de Minas. Conseguiu transferência da faculdade e
vai ficar no Rio direto agora, pra me ajudar a cuidar do nosso velhinho –
contou. – Quando somos jovens não temos muita noção da nossa
finitude, mas ao envelhecermos ela bate na nossa porta diariamente,
com uma dor, uma doença, um amigo que se vai… A velhice tem dessas
coisas, não é mesmo?
Como agir diante disso? Eu queria tanto ajudar meu amigo… Eu não
queria ver o Davi triste, mas não sabia muito bem o que fazer naquela
situação.
– É…
Foi tudo o que consegui dizer. Eu sou uma estúpida mesmo.
– O que é isso na sua boca, Tetê? Herpes? – chegou Zeca para
levantar o astral. – Cruuuuzes!
– Ai, meu Deus! Não! Nunca tive! – levei minha mão à boca
instintivamente.
Mas Zeca se aproximou, tirou minha mão e colocou a dele perto dos
meus lábios sem a menor cerimônia e limpou alguma coisa.
– Graças a Deus é só baba mesmo. Baba com restinho de comida.
Olha só, amor, não adianta nada depilar o buço e a sobrancelha e ficar
andando com baba gosmenta no canto da boca, tá? – implicou. – Hashtag
fica a dica. E se joga nos meus braços que eu vou cuidar de você. Hoje à
tarde. Combinamos ontem, não quero saber de desculpas.
Eu só ri.
– Eu sei, doido! Já avisei lá em casa que vou almoçar fora hoje.
Na saída, deixei Zeca “cuidar de mim”, como ele disse que faria.
Cismou de me produzir para a festa e para o dia de fazer o trabalho, que
se aproximava. Tínhamos combinado de ir ao shopping Rio Sul comprar
a roupa para a festa do Orelha.
– Se tem uma coisa que nasceu comigo, além da minha infinita
beleza, é bom gosto e bom senso, Tetê – afirmou a pessoa mais divertida
e menos modesta que conheci na vida. – Por isso eu não ia su-por-tar te
ver feia na festa do Orelha. Se você aparecesse toda mocoronga com uma
roupa de hippie equivocada eu ia socar tanto a sua cara tanto, mas
tanto…
– Nossa, que delicado da sua parte… – reagi, rindo.
Como não cair na lábia dessa doçura? Eu achei que seria um
programa meio fútil, mas pensar em passar uma tarde toda com um
amigo no shopping era um sonho para mim. Então confesso que fiquei
bem animada. Chegamos ao Rio Sul, e eu sugeri comer no McDonald’s,
mas tomei outra bronca do Zeca, e almoçamos em um restaurante de
comida saudável, por insistência dele. E assim que passamos em frente
a um salão de beleza, ele agarrou minha mão e me puxou para dentro.
– Surpresaaaaa!!
– Como assim? A gente não ia comprar roupa?
– A gente não pode comprar roupa com esse seu picumã, amor!
– O que é picumã?
– Cabelo, louca! Chega! Desapega. Já deu desse picumã de pagadora
de promessa!
– Mas não tem que marcar hora?
– Eu já marquei, deusa! Por isso falei “surpresaaaa!”. Ai, Tetê,
acorda!
– Mas eu só trouxe dinheiro pra comprar roupa!
– Que dinheiro? É presente meu, fofolete!
Me deu um frio na barriga… Aquele cheiro delicioso de xampu de
salão, o barulho dos secadores, todos ali alimentando a vaidade,
enriquecendo a indústria dos cosméticos, cuidando da parte de fora
para tentar ficar melhor por dentro. Travei com esse pensamento.
– Que foi, Tê? Vem! Marquei com o Tiago, ele é o melhor! Confia…
– Não sei se quero…
– Não quer o quê?
– Ficar igual a elas.
– Elas quem, Senhor?
– Ah… À Valentina, à Laís, à Bianca…
– Pelo amor de Getúlio! Claro que não! Por que você acha que eu ia
querer te deixar como elas?
– Sei lá… Porque elas são tudo o que toda garota quer ser.
– Amor, esse slogan é da Barbie.
– É?
– Não sei, mas devia ser. Ter aquela cintura e um Ken pra chamar de
seu é o sonho de todos os seres humanos de bom gosto. O cabelo dela é
meio ressecado, mas quem liga?
Diante da minha cara, ele continuou, agora mais sério.
– Tetê, você não vai ficar igual a elas nunca. Sua essência é diferente.
Relaxa e se joga.
Respirei fundo antes de dizer o que estava na minha cabeça:
– Você quer que eu mude pra que eu me sinta incluída? Porque não
vou mudar pra ser aceita, nem vem, não quero que…
– Não! Para! Quero que você melhore o visual porque gosto de você e
sei do seu potencial. Não quero te mudar! Quero só que você entenda
que um corte de cabelo bem-feito muda a vida, muda a autoestima. Você
vai se sentir melhor com o espelho, coisa que sei que você não gosta.
– Não passo nem perto.
– Pois é. E espelho é a melhor coisa da vida, você só não sabe disso
ainda! Vem ser feliz ao meu lado!
Tiago e Zeca pareciam ser bem amigos. Segundo Zeca, o cabeleireiro
era sua “pessoa favorita no mundo”. Achei a coisa mais fofa! Sentada na
cadeira, não falei nada. Apenas observei os dois discutindo sobre o
formato do meu rosto e o tipo do meu cabelo. E consenti que Tiago
seguisse as diretrizes de Zeca, meu amigo e, agora, stylist. Só avisei que
não queria fazer nada de progressiva, essas coisas. Os dois falaram que
nem pensaram nisso.
Como meu cabelo era bem comprido e reto, pude doar para uma
instituição que faz perucas para pacientes com câncer. Foi tão bom
fazer isso! Minha alma sorriu quando vi quase dois palmos de fios
serem cortados da minha cabeça. Outras cabeças precisavam deles
muito mais que eu.
Corta daqui, repica dali, um palmo de cabelo aqui, outro ali, uma
franja para esconder a testa grande e espinhenta e… voilà. Estava
pronto. Era só secar e…
– Tetê do céu… Você tá linda… – elogiou Zeca, meio embasbacado.
– Outra pessoa! – complementou Tiago.
– Nossa! Tava tão ruim assim?
– Tava – os dois responderam em coro.
Palhaços.
– Volta no fim da semana se quiser fazer umas luzes. Te dou uma
hidratação de presente depois – ofereceu Tiago.
– Fofo! Nem sei o que dizer…
– Diga sim. Sou o melhor de luzes aqui dentro. E fora daqui também.
– Gente, onde você e o Zeca compraram essa autoestima tinha mais
pra vender? – brinquei.
– Amor, se a gente não se ama ninguém ama a gente. Fica a dica –
ensinou Tiago. – Vem fazer as luzes, boba. Seu cabelo vai ficar ainda
mais bonito.
– Não sei… Não quero ficar loira!
– Quem falou em loira, garota maluca? Ele quer só dar uma
iluminada no seu rosto.
– Ô, gente…
– Olha pro espelho e diz que você tá linda! Que tá se sentindo linda!
Que se pegava toda! – Zeca se empolgou. – Bota a cara no sol, Tê! Bicha
bonita não se esconde!
Fiquei roxa.
– Olha pra você! Ficou até mais magra!
– Não exagera!
Eu estava me sentindo tão bem, tão amada, gostando tanto daquela
paparicação toda, daquela atenção inteira só para mim, daquele agrado
no corpo e na alma, que nem estava tão ligada no resultado final. Aquilo
tudo já estava tendo um valor tão grande que eu pressenti que minha
vida nunca mais seria a mesma.
– Você tá se achando linda, não tá?
– Nem sei, Tiago.
– Como nem sabe? Olha pro espelho direito, menina! – ordenou
Zeca.
Então resolvi dar uma chance e analisar detalhadamente meu
reflexo. Nooooossa, eu estava mesmo diferente! O corte mudou bastante
meu rosto. Fiquei mais leve, menos escondida… Minha sobrancelha até
apareceu mais. Eu me sentia definitivamente mais feliz. Que loucura…
Como pode ser isso? Um corte de cabelo tem esse poder mesmo, de
mudar por fora e por dentro. Eu estava me sentindo mais bonita, sim. E
nunca tinha me sentido daquele jeito. Aquilo dava uma confiança que
eu nunca imaginei ter. Abri um sorriso com todos os meus dentes tortos
à mostra e… chorei. Sim, chorei. Choro até em comercial ruim de
detergente, imagina se não choraria ao ver a mudança que fez um corte
de cabelo, ainda mais sendo presente de um amigo tão especial como o
Zeca.
Os dois me agarraram cheios de sons fofinhos, tipo oooown, cutecute,
nhénhééé…
– Coja masi malavilosa dessa vida! – soltou Zeca. – Nem pensar em
chorar – disse ele, enxugando a lagriminha que caiu do olho dele, sim,
que eu vi. – Temos um vestido ainda pra comprar! Agora diz! Tá linda
ou não tá?
– Ah… linda eu acho que nunca vou me achar…
– Tá linda ou não tá?
– Nunca vou…
– Tá linda ou não, garota chata?! Fala!! – o Zeca insistiu.
– Fala logo, Tetê, senão vocês não vão sair daqui! – pediu Tiago.
– Tô – disse, baixinho.
– Não ouvi. Tira o ovo da boca e fala, criatura – o Zeca fez graça.
– Tô! – respondi alto.
– Tá o quê?
Nossa, como era difícil verbalizar o que ele queria que eu
verbalizasse. Minhas mãos chegaram a ficar suadas.
– Tá o quê? Anda, Tetê! Fala!
– Tá bem! Tô linda.
– De novo! – os dois falaram juntos.
– Tô linda!
– Mais alto! – o Zeca falou alto.
– Tô lindaaaa! – gritei, chamando a atenção das pessoas, que
certamente me acharam louca.
E aquilo foi tão mágico e libertador, tão importante verbalizar
aquelas palavras… tão forte… tão inédito… que eu até sorri falando. Não
de nervoso, mas de felicidade. Por tudo: por ter a coragem de dizer
aquela coisa maluca, por ter uma tarde de princesa com meu amigo, por
ter um amigo e por estar me achando bonita (não linda, mas isso o Zeca
não precisa saber) pela primeira vez em toda a minha vida.
Zeca e eu nos despedimos do Tiago e saímos abraçadinhos pelo
shopping. Eu estava toda feliz e emocionada. Parecíamos namorados, de
tanto grude e sintonia. Mas era melhor que isso. Zeca era meu amigo.
Meu grande amigo.
Entramos numa loja e ele separou vários vestidos. Peguei um
discretinho para experimentar e levei bronca.
– Ah, não! Nem pensar! Vai parecer um chuchu de hospital com esse
vestido. Você é muito branquinha pra usar nude.
– Nude? Achei que era bege…
– Ai, Teanira! Em que mundo você vive, pelo amor de Getúliooooo?!
– Tá. E esse aqui?
– Ai, isso não é um vestido, é uma burca, amor, aprende. Tetê,
realiza: você precisa mostrar o que tem de bom. Muita gente parece
estranha de corpo e nem é; é só por causa das roupas que escolhe.
– No meu caso, eu sou estranha mesmo.
– De jeito nenhum! Você é toda bonitinha, toda proporcional, corpo
violão. Só está um pouco acima do peso, mas nada demais. Tá gata, tá
diva, tá gostosona.
E assim, depois de ouvir palavras de incentivo saídas não da boca,
mas do coração do Zeca, entrei na cabine e fiz até desfile com as roupas
que experimentei. Com direito a caras e bocas, fotos e produção
completa: vestido, brincos, sapatos. Ai, que delícia de dia!
– Eu tô amando isso! Tô me sentindo a Julia Roberts fazendo
compras na Rodeo Drive em Uma linda mulher. Sabe esse filme, Zeca?
– Como assim? Eu amo/sou esse filme! É o sonho da minha vida ter
um milionário bancando minhas roupas e meu caviar com champanhe.
Amuuuuu! – exagerou o Zeca.
– Sinceramente, tô achando o máximo passar a tarde com você! Não
precisa ser milionário não!
– Mas é muito louca mesmo. Essa aí bateu a cabeça na maternidade,
não tem jeito, não!
– Sério! Tá melhor do que o melhor programa de transformação!
Foi uma tarde inesquecível. Sou exagerada, eu sei, mas juro que foi.
Escolhemos um vestido verde-musgo bem bonito. Pernas de fora (ele me
fez jurar que eu rasparia), marcado na cintura, com um decote redondo
que, segundo Zeca, valorizava meu colo.
Nem Zeca nem eu tínhamos ideia do que viveríamos na festa do
Orelha.


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