Capítulo 19


COMEÇAMOS A FAZER o trabalho. Enquanto nos concentrávamos nas
diferenças entre as várias democracias, eu não conseguia parar de olhar
para o Erick e pensar que ele estava solteiro. Justo agora que tinha
outro cara legal como o Dudu no meu pensamento, o menino lindo que
preenchia meus sonhos até outro dia agora estava livre. Livrezinho da
silva! Eu poderia admirá-lo de longe sem culpa, sem o peso de ele ter
uma namorada. Ainda mais uma insuportável como a Metidina. Que
loucura a vida! Logo agora que o Dudu apareceu na minha vida!
Louca! Ele não apareceu, ele só veio de Minas Gerais pra cuidar do
avô. Ele não quer nada com você, se enxergaaaaa!, o meu lado são
brigou com o lado doido. Nenhum dos dois vai ter nada com você nunca!
Daí, do nada, quando estávamos listando os princípios da
democracia, Erick, o lindo, me sai com essa:
– Você tá tão bonita, Tetê…
– Oi? O quê? Eu? – arregalei os olhos, assustada.
– E olha que já te achei linda na festa do Orelha, mas tinha
maquiagem, vestido e tal. Essas coisas de mulher. Mas vendo você falar
aqui, toda estudada e culta… Sei lá… Acho que sua inteligência te faz
ficar mais bonita do que você já é.
O Erick me acha bonita e inteligente! Bonita e inteligente, bonita e
inteligen… Tá, parei.
– Inteligente é você, que terminou com a Metidina – reagi, para logo
depois tapar minha boca enorme com as duas mãos.
Davi arregalou os olhos. Zeca arregalou os olhos.
Por que você faz essas coisas, Tetê? Por quê? Conserta isso antes que
ele responda! Você não tem nada a ver com o relacionamento deles,
garota!
– Todo mundo odeia ela, você sabe, né? – foi a minha frase para
consertar as coisas. Ai.
Oi? O quê? O que foi que eu disse? Meu Deus! Eu precisava de um
médico urgentemente. Que vergonhaaaa! Por que eu falei isso!? O que
eu falo agora? Nada! Não fala nada, sua demente! Quando eu estava
prestes a forjar um desmaio (seria minha única maneira de escapar
ilesa do sincericídio), Erick se manifestou:
– Eu sei. Só eu que não via quem era a Valentina.
Silêncio.
Que frase forte foi aquela? Brasil, polo norte e China em estado de
choque!
Zeca quebrou o silêncio. Ufa!
– Quem era a Valentina que você não via, Erick? – Zeca perguntou
com a precisão impecável de sempre.
– Alguém com um jeito de tratar as pessoas que eu não gosto,
especialmente a Tetê.
Mor-ri!!! E morta continuei enquanto ele seguia sua explicação:
– Não entendo todo o ódio que ela é capaz de sentir. Hoje, depois da
escola, ela destratou uma senhorinha no shopping. Ficou chateada
porque eu dei passagem pra senhora entrar no elevador. Depois, veio
com papinho de TPM. TPM não tem nada a ver com falta de educação e
de gentileza, né?
– Nada a ver! – respondemos em coro eu e Zeca, nos olhando com
cumplicidade.
Mais, fala mais, seu lindo!, eu queria ter coragem de pedir.
– Mas foi só isso? – Zeca falou no meu lugar.
– A gente nunca termina por causa de uma coisa só, Zeca. Foram
vários os motivos, foi o conjunto, as coisas foram acumulando. Eu cansei,
sabe? E ela odeia a minha mãe, que nunca fez nada pra ela. É sempre
grossa com a coitada, que só pensa em agradar… Acho que eu estava
acomodado na relação e acabei ficando com a Valentina mais tempo do
que deveria. E teve o lance com a Samantha também…
Que bom que os anjinhos da língua solta ouviram minhas preces e
ele desandou a falar. Obrigada, anjinhos, seus lindos!
Mas espera… Samantha? Ele falou o nome da Samantha? Que lance
com a Samantha? Zeca! Zecaaaaa!
– O que tem a Samantha? – Zeca não falhou em perguntar.
Obrigada, Zeca, seu maravilhoso leitor de pensamentos!
– Ah, elas eram superamigas, e, do nada, a Valentina limou a garota
da vida dela. Não gosto do jeito como ela lida com as pessoas. Joga elas
fora como se fossem papel de bala.
– E pra complicar teve a história do banheiro… – soltei.
– Pois é. Aí piorou. Mas a gente conversou depois da festa e ficou
tudo bem, passamos um domingo ótimo. Mas hoje ela cismou que eu
olhei diferente pra Samantha na escola. E depois o shopping. Pra mim,
deu. Na boa, mulher é um bicho muito chato.
– Concordo! – brincou Zeca, quebrando o clima tenso.
E meu lado de encantamento com o Erick brilhou forte nesse exato
momento! Por um instante, eu só pensava que ele precisava de uma
namorada bonita e inteligente! Uma namorada fofa, que desse valor a ele
e que amasse as pessoas e os animais. Nem todos os animais, mas quase
todos. E essa pessoa… Essa pessoa… era eu!!!! Eu! Vamos namorar, seu
lindo!
– Agora chega. Fiquei muito tempo amarrado, quero pegar geral. Não
quero namorar com ninguém tão cedo.
Hum… Tá. Ok, perdi. Mas sem drama! Sei perder, são anos de
prática.
Ah, mas puxa vida! Eu era a menina mais bonita do planeta. Digo,
mais feliz do planeta. Porque Erick, o lindo, disse que eu estava bonita.
Eu fiz a sobrancelha e o buço. Já cortei e clareei o cabelo, fiz luzes,
vou ao dermatologista, estou me alimentando melhor… Quero me
cuidar mais. Olha só, você querendo pegar e eu querendo cuidar. Me
cuidar. Opa! Aí teeeeem! Hahahahahahahahahaha! AH!
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!
Sim, esse foi o pensamento que passou pela minha cabeça depois da
revelação do meu Erick. Na boa, eu sou a pessoa mais sem noção do
mundo. Fato. O assunto acabou e ele não se manifestou mais sobre o fim
de seu relacionamento sério com a Metidina. Voltamos à democracia e
não se falou mais nisso.
Terminamos o trabalho, deu tudo certo, iríamos tirar uma nota boa,
eu tinha certeza.
Quando já estávamos nos despedindo, Dudu chegou. E assim que eu
olhei para ele, ele exerceu um efeito estranho sobre mim. Sei lá, parece
que meu coração amoleceu. Ele estava cabisbaixo e tristonho, por mais
que tentasse transparecer o contrário. Ele foi simpático com todo
mundo e abraçou demoradamente a avó.
– Vó, o vovô quer que você durma lá hoje de novo. Vim te buscar,
vozinha.
– E como ele está agora, meu filho?
– Melhor – respondeu Dudu, com pouca convicção.
E eu quis abraçar muito ele naquela hora. Era uma mistura de
sentimentos acontecendo no meu peito. E eu não sabia direito
identificar. Nem expressar.
– Vai dar tudo certo – foi o que consegui dizer.
– Obrigado, Tetê – agradeceu ele, vindo na minha direção e abrindo
os braços para me abraçar.
E eu derreti. Senti minhas pernas molengas, senti meu coração
esquentar. Respirei fundo e, quando ele me envolveu com seu corpo
grande, senti um cheiro muito bom. Cheiro de banho. Como era
carinhoso e querido aquele menino… E que abraço bom! Até fechei os
olhos.
Enquanto nos abraçávamos, dona Maria Amélia desabafou:
– Não me conformo!
– Ele vai ficar bem, vó!
– Eu sei, Dudu. Estou falando da mocreia mineira que te traiu e te
trocou por outro.
O quê? O que ela estava dizendo? Alguma mocreia mineira tinha tido
a coragem de trair o Dudu? Como alguém em sã consciência trocaria
esse deus grego por outra pessoa? Garota burra!
– Ah, vó…!
– Desculpa, querido… Você pediu que eu não expusesse sua vida…
Mas é que eu estava te olhando e… Foi só um desabafo momentâneo.
Vovó te ama.
– Eu sei… Também te amo. Mas não precisa ficar falando de mim
pras pessoas…
– Você está certíssimo. Mas, olha… Deixa eu te dizer uma última
coisa, não briga com a vovó.
– Fala, vó…
– Foi bom até, viu? Você era muita areia para o caminhãozinho dela.
– Tenho certeza – entrei no papo. Sim! Eu disse isso! Que vergonha.
Eu tinha que ser impedida de falar, eu devia ter nascido muda, isso sim.
Mas aposto que eu seria a muda mais sem noção da face da Terra com a
linguagem dos sinais. – Ops, desculpa…
Dudu riu. Riu! E, melhor: me abraçou mais! É! Ele me abraçou mais.
Com aqueles braços fortes e sarados. E morenos e cheirosos.
E aí eu me dei conta de que tinha passado horas pensando no Dudu.
E mesmo ali, na frente do Erick, eu só conseguia pensar nele. E apesar
de ele ser menos bonito que o Erick, a falta de perfeição do Dudu era…
perfeita. O nariz ligeiramente batatudo, a sobrancelha falhada (tem
coisa mais linda que sobrancelha falhada? Tá! Tem pelos menos 892
coisas mais lindas que sobrancelha falhada, mas a do Dudu era espessa,
bem preta), os olhos pequenos apertadinhos, os cílios enormes, um
sinal sensacional na bochecha esquerda e outro menor na direita. Não
podia mais negar para mim mesma: eu estava claramente encantadinha
pelo Dudu. Não digo apaixonada porque não faço mais esse tipo de coisa.
Sou contra paixão. Sou mesmo!
– É bom te abraçar, Tetê. Você tem o abraço bom, apertado, de
verdade.
E foi nesse momento que eu parei de sentir minhas pernas. E acho
que também parei de respirar.
– O seu abraço que é ótimo – falei sem pensar.
Eu disse isso? Iei! Viva eu!
– Desculpa minha avó. Pra tentar minimizar o problema do meu avô,
ela se entretém com a minha vida. Não posso culpá-la – ele falou
baixinho no meu ouvido. Ai.
“Culpá-la”. Own…
E de repente percebi que o Erick estava olhando para nós de longe,
enquanto conversava com o Zeca e o Davi. Mas… quem era Erick mesmo?,
pensou um lado do meu cérebro. Então eu voltei para o planeta Terra e
enxerguei Erick, e lembrei quem era Erick, e lembrei que ele estava
solteiro, que ele era meu lindo, meu primeiro lindo, que ele tinha me
achado bonita…
Confusa, eu? Indecisa, eu? Perdida, eu? Louca, eu? Magiiiiina!
Terminei o abraço meio sem jeito, olhando para o Erick, e o Dudu
soltou a pergunta:
– O meu avô está internado no Hospital Copa d’Or. Posso te levar em
casa depois de deixar minha avó lá. Quer carona? Assim a gente
conversa mais um pouco.
A fada do meu cérebro berrou: Quero! Quero! Já é! Vai, Tetê!
Mas outra pergunta foi feita naquela sala:
– Eu tenho que ir agora pros lados da sua rua, Tetê. Ia perguntar se
você não quer ir andando comigo, eu te acompanho até sua casa – disse
Erick.
Meu. Deus. Do. Céu! Eu estava sonhando. Claro que estava.
Não. Não estava. Que situação inédita e maravilhosa! O impossível
pode, sim, acontecer! Vrá! Mil vezes vráááá!
Mas… E agora? O que fazer? Vou com Erick ou vou com Dudu?
E um milhão de dúvidas sobre com quem voltar para casa invadiram
minha cabeça. Era como se uma chuva de meteoros em forma de pontos
de interrogação sambasse no meu cérebro naquele momento. Respira,
Tetê. Respira! Pensa… Agora a situação mudou um pouco…, a fada que
mora na minha cabeça mandou. Aí rapidamente eu pensei e imaginei
com quem eu corria mais risco e, sem respirar, sem muito pensar,
respondi na lata:
– Vou a pé com o Erick. Estou assim agora, preferindo caminhar a
andar de ônibus e carro, subindo escada em vez de ir de elevador.
Geração saúde, sabe? A caminho do posto de musa fitness 2027 – fiz
graça e tentei disfarçar meus critérios de escolha. – Mas obrigada,
Dudu.
Ai, sei lá se fiz bem ou não, mas agora já foi.
Erick e eu nos despedimos de todos, descemos o elevador e meu
estômago gelou. Borboletas dançaram todos os ritmos latinos enquanto
caminhamos uns minutos em silêncio pela movimentada Copacabana.
Minhas pernas tremiam, minhas mãos transpiravam, a ponta do meu
nariz suava. E um sorriso muito, muito feliz queria aparecer no meu
rosto, mas eu o escondi, para não deixar meu lindo convencido demais.
Foi difícil não suspirar também.
Que incrível andar do ladinho do Erick. Só nós dois!
Desde que eu vi o Erick pela primeira vez, eu sonhei com esse
momento, mas nunca imaginei que ele fosse se tornar realidade… Eu
andando na rua com o cara mais bonito do mundo?
E o Erick está solteiro. Solteiro! SOLTEIROOOOO!
– Você gostava de morar na Barra, Tetê? – Erick quebrou o gelo e
interrompeu meus pensamentos.
Respondi meio sem pensar, imaginando quanto tempo a gente ainda
tinha junto antes de chegar ao meu prédio, que não era tão longe dali.
Queria que o relógio andasse devagar.
– Nem sei direito, sabe? Eu não saía de casa, só ia da escola pra casa
e de casa pra escola, então não aproveitei muito isso de vizinhança, rua.
Mas, por mim, posso morar na Barra, aqui ou em Brás de Pina, o bairro
não importa desde que eu tenha meus livros e minha música.
– Cara, odeio ler!
Oi? Jura? Odeia ler? Ah, Erick… Por que falou isso? Por quê? Estava
indo tão bem! Vou ter que tirar pontos de você. Tudo bem, ninguém é
perfeito.
– Mas em música eu me amarro.
Ufa! Ganhou pontos de novo.
– Reggae? Rap? – perguntei.
– Gosto de rock, hip hop, gosto de coisas novas.
– Eu amo tudo que me encante.
– Se quiser me apresentar umas músicas qualquer dia, tamos aí,
Tetê!
Por que não tinha ninguém por perto para ouvir aquele diálogo? Ou
eu estava muito louca, ou o Erick tinha acabado de dar mole para mim!
Quer ouvir musiquinha comigo? Alou!
Não! Que viagem! Claro que não, o Erick me vê como amiga. Uma
amiga bonita e inteligente. Só isso. Não quer dizer que isso vá evoluir
para algo romântico!
– O que eu não suporto é música brasileira.
– Eu amo! – disse, decepcionada com o gosto musical do Erick, mas
ainda encantada com ele, com o momento, com tudo.
E então, o garoto mais lindo do mundo disse a frase que dividiu
minha vida em duas partes: ATH e DTH (Antes do Trabalho de História
e Depois do Trabalho de História).
– Posso amar se você me mostrar suas músicas preferidas. Você tem
bom gosto, só deve gostar de músicas iradas.
Para tudoooo! O Erick estava dando em cima de mim mesmo? É isso,
Brasil? Sim, eu acho que sim! Mas como ter certeza? Como? Qual era o
próximo passo? Eu deveria mudar de assunto completamente? Deveria
seguir com a música? Como eu deveria reagir ao comentário? Deveria
reagir ao comentário? Como? Como lidar com uma situação para a qual
você nunca se preparou, por ter certeza de que jamais viveria? O que eu
faço agora, produção?
– Eu… eu… eu…
De repente, senti um puxão no meu braço direito. Um puxão delicado
e firme ao mesmo tempo. Erick me parou na calçada da Tonelero e
segurou meus dois braços. O ar me pareceu faltar. Eu inspirei e expirei
umas 200 vezes por segundo. Eu nem piscava. Ele olhava para mim e eu,
assustada, com os olhos arregalados, tentava dizer para ele “O que está
acontecendo?”.
As mãos de Erick deslizaram dos meus braços para o meu rosto com
tanta gentileza, com tanto carinho…
– Dizem que beijo bom é beijo roubado. Mas… como você é uma
menina especial, eu quero saber se posso te dar um beijo.
– Você quer me dar um beijo? Tem certeza?
– Absoluta.
– Por quê?
Por que eu perguntei por quê? Por quê? Eu sou uma anta mesmo!
Eu sou BV! Eu sou BV! Eu sou BV! Como assim meu primeiro beijo
seria com um garoto lindo, que já deve ter beijado meio Rio de Janeiro?
– Porque me deu vontade – respondeu, sincero e maravilhoso. –
Posso?
Meu coração virou um bumbo tocado por um instrumentista muito
empolgado. Mais acelerado que a mais acelerada bateria de escola de
samba.
Falo ou não falo que sou BV? Falo ou não falo que sou BV? Falo ou
não fa…
E meus pensamentos foram interrompidos pela boca quentinha e
carnudinha do Erick. Sim, ele era todo quentinho. E foi muito doido
sentir pela primeira vez outros lábios encostando nos meus e uma
língua encostando na minha!
Meu Deus! Eu agora integrava a parcela da humanidade que beija!
Sim, senhoras e senhores! Sim, Brasil, polo norte e China! Eu, Tetê,
Teanira, sou, a partir de hoje, uma pessoa que BEIJA! BEI-JA! Passei
para o outro lado!
E que coisa boa é beijo. É estranho, mas é bom! Eu fiquei com o maior
medo de babar, acho que estiquei pouco a língua e espremi muito meus
lábios. Foram 15 anos sem beijar, sem ter ideia de como é! Mas, quanto
mais eu beijava, mais natural e gostoso ficava.
Como é bom beijar!!!
– Que beijo bom, Tetê – sussurrou Erick no meu ouvido, enquanto
me dava vários beijinhos no bochecha.
Não consegui dizer nada diante dessa tão inacreditável frase.
Abracei forte o meu lindo e ri com todos os dentes, por todos os
poros! Será que ele não tinha desconfiado que eu era BV?
Agora eu não tinha apenas amigos. Eu estava fi-can-do com o Erick!
Gente, quem diria, eu!
Depois do beijo, nós conversamos, brincamos e rimos. E paramos
para mais um beijo, que foi incrível, melhor ainda que o primeiro.
Então fomos abraçadinhos até o meu prédio e lá demos o terceiro e
último beijo da noite, o terceiro da minha vida!
Eu lembraria do Erick para sempre. Ele agora fazia parte da minha
história, acontecesse o que acontecesse dali em diante. Erick agora era o
cara com quem eu tinha perdido meu BV. Melhor impossível!
Subi no elevador me olhando no espelho enquanto passava levemente
a mão pelos lábios. Eu tinha beijado! E tinha beijado o Erick!
Cheguei em casa sem sentir o chão. Mal vi minha família. Parecia
que eu caminhava dentro de uma enorme bolha de sabão. Leve, colorida,
flutuante, feliz. Num silêncio pra lá de aconchegante.
Impossível não passar aquela informação adiante. Perder o BV aos 15
anos com o cara mais lindo do planeta foi a coisa mais inesperada da


minha vida. Eu precisava dividir aquilo com alguém!

TETÊ
Fiquei com o Erick.

ZECA
O quê???? Como assim?


 Enquanto eu teclava a resposta, Zeca ligou. Não aguentou. Perguntou
tudo, com detalhinhos! E eu adorei contar!!! E eu estava numa paz tão
gostosa! O problema era a dúvida: estou namorando? Ou não estou
namorando?
– Deixa rolar – aconselhou Zeca. – Lembra que ele falou que quer
pegar geral? Prepare-se pra não namorar.
– Tá bom – disse, resignada.
– Ai, que mania de vocês de criar expectativa. Vocês, meninas,
precisam dar nome pra tudo! Esquece! Namoro, beijo, casamento,
ficada, rolo, teretetê… Não importa o nome. O que tiver que ser será.
Eu ri.
– Obrigada, tá?
– Pelo que, sua louca?
– Por ter me ajudado a mudar.
– Eu só te ajudei a mexer no lado de fora, mas a mudança que
aconteceu em você foi interna. Bem lá no fundo.
– Não, senhor! Você me deu um corte de cabelo, me fez melhorar, me
alimentar melhor…
– Você não mudou tanto quanto pensa, Tetê. Acredita em mim: o que
mudou foi dentro de você. Você passou a se olhar de outra forma. Viu
que era possível se olhar de outra forma.
– Own…
Desliguei e pensei se ligava ou não para Samantha.
Mas preferi fazer um jantar para a minha família! E um jantar
saudável: macarrão de abobrinha e cenoura com peixe grelhado. Afinal,
pouca coisa me deixa tão feliz quanto a alquimia da cozinha. Nossa!
Alquimia foi forte! Mas eu estava tão feliz que queria transformar
felicidade em comida para as pessoas que eu mais amava na vida.



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