Capítulo 25

 DE REPENTE, estava eu, Tetê, Tetezinha, pela primeira vez na minha
vida andando de carro sozinha com um cara!
– Vamos comer em um lugar supercharmoso que eu conheço no
Leblon?
Nossa, eu estava sonhando!
– Claro, Dudu! Onde você quiser! Hoje é você quem escolhe.
Depois de passar naquele fim de tarde pela orla, sentindo no rosto a
brisa da praia que entrava pela janela do carro, olhando para aquele
cara lindo ao meu lado, eu já achava que tinha ganhado um presente.
Mas havia mais.
Chegamos ao lugar que o Dudu falou, e quando fomos até a mesa, ele
sentou praticamente ao meu lado. Parecia que tinha um campo
magnético entre a gente. Eu estava hipnotizada por aquele menino, por
aquela situação, e me sentindo muito, muito bem com tudo. Uma
mistura de alívio com frio na barriga, com expectativa de uma coisa
muito boa que eu sabia que ia acontecer.
– Tetê, posso te falar uma coisa?
– Lógico, Dudu. – Gelei.
– Você é muito muito especial, sabia? Apesar de toda essa situação
triste com a perda do meu avô, eu sinto que quando estou ao seu lado
tudo fica colorido, interessante. Eu me sinto mais forte, mais
importante, com vontade de viver, de conhecer você e, principalmente,
de ficar perto de você.
– Eu sinto também, Dudu. Eu tenho muita vontade de ficar perto de
você. Na verdade, eu não consigo parar de pensar em você mais… Isso é
muito doido…
– Tetê, eu não aguento mais. Eu preciso fazer uma coisa. – E ele
chegou mais perto de mim.
Eu senti meu coração bater rápido, meu corpo amolecer e um calor
invadir todo o meu ser, enquanto ao mesmo tempo meu estômago gelava.
Então Dudu pegou meus cabelos com a maior delicadeza e começou a
passar a mão por eles. E eu pensando: Tomara que não seja só cafuné
que ele queira! Tomara! E minha angústia acabou quando ele começou a
deslizar o dorso da mão pelo meu rosto e então chegou bem perto e
passou os braços pelas minhas costas e chegou com seu rosto bem
próximo do meu. E falou com os lábios bem pertinho, quase
sussurrando, quase encostando:
– Posso te beijar?
E eu sussurrei de volta, quase implorando:
– Deve… – sussurrei.
Pensa que ele foi logo me beijando na boca? Nããão! Claro que não!
Primeiro ele beijou uma bochecha, depois a outra, depois mais acima na
bochecha, depois uma sobrancelha, a outra, um olho, o outro, a ponta do
meu nariz, o queixo e… Tava tão bom tudo, eram beijos tão leves e
suaves…Eu não conseguia parar de sorrir. Não via a hora que a boca do
Dudu ia encostar na minha. E isso não demorou a acontecer. E foi tão
mágico!
Depois ele envolveu minha boca com a dele e nossas línguas se
encontraram, no beijo mais perfeito, mais encaixadinho, mais gostoso,
com o melhor sabor, cheiro, toque…
Não.
Parou. Parou.
O que era aquilo, Brasil, polo norte e China?
Eu tinha dito que o beijo do Erick era bom?
Não. O beijo do Erick era um rascunho…
AQUILO é que era beijo!
O beijo mais espetacular que poderia existir.
Aquilo era uma pós-graduação de beijo! Era um ph.D. de beijo!
Com aquilo eu já era especialista master uber plus ultra de beijo.
Exagerada, eu? Magiiina!!
Mas falando sério, para mim, aquele era um primeiro beijo de
categoria superior.
– Tetê, eu queria tanto ter beijado você há mais tempo…
– Eu também, Dudu! – arrasei na resposta rápida, sincera e objetiva.
E a gente se abraçou e se beijou de novo. E se beijou mais. E se
beijou. E eu perdi a conta de quantos beijos foram. A gente só parou
para comer e pagar a conta do restaurante, um bem delicioso e
aconchegante na Dias Ferreira.
Eu estava flutuando!
Quando entramos no carro para voltar, Duduau perguntou se podia
dar uma volta até São Conrado.
– Como eu senti saudade desta cidade linda! Vamos até lá e depois
voltamos pela Niemeyer? Só pra apreciar a vista?
“Apreciar”! Own…
E foi lindo. No carro, Radiohead. Eu me identifiquei na hora.
– Amo! Amo! Amo! Amo! – exclamei batendo palmas.
Sim, eu bati palmas.
Ele apenas sorriu.
Enquanto ele dirigia pela Visconde de Albuquerque rumo à
Niemeyer, eu só pensava em quanto eu estava feliz. Ele abriu a janela
para deixar o vento entrar, e o Atlântico sob a gente refletindo a lua
parecia cena de cinema. Mas era vida real.
– Que lua linda! – elogiei.
– Gostou? Mandei fazer pra você.
– Uau… Arrasou, Duduau!
– Duduau?
– É… era meu apelido secreto pra você. Agora não é mais!
– Gostei! Teteuau!
Gostei também!
A cada segundo que passava, minha respiração se fazia mais
presente, e eu tinha certeza de que ele estava ouvindo minhas células se
mexendo de lá pra cá, meu coração sorridente batendo forte.
Então ele apoiou a mão na minha perna, gentil e carinhosamente.
– Posso?
Botei a minha mão sobre a dele e respondi:
– Pode.
Depois ficamos de mãos dadas até a volta para Copacabana,
admirando essa cidade embasbacante que é o Rio de Janeiro. Já perto da
minha casa, ele botou outra música linda para tocar, “Like I can”, do
Sam Smith, que eu amoooo. Derreti por dentro. Chegamos no meu
prédio e, com aquela trilha sonora, nos despedimos.
– Com você me sinto tão bem, Tetê – ele disse.
– Eu também.
E, de repente, eu senti o Dudu comigo de novo, grudadinho, me
beijando mais uma vez, lenta e suavemente. E foi a melhor sensação do
mundo!
– Será que amanhã você vai querer beijar de novo minha boca feia?
– Sua boca é linda, Tetê… Você é toda linda! E eu não vou querer
parar de beijar você nunca mais!
– Então me beija mais um pouquinho? – pedi, toda saidinha.
Como diria minha avó, “quem te viu, quem te vê, Tetê”.

Ah, a vida é linda! Muito linda!

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