Caixa de Pássaros - Capítulo 23

No instante em que a porta se fecha, Tom sente mais medo do que achou que sentiria.
Ali do lado de fora, as criaturas estão mais perto.
Quando chegarmos à rua, pensa Tom, e estivermos a uma boa distância da casa, será que vão nos atacar?
Ele imagina mãos frias se fechando sobre as dele. A própria garganta cortada. O pescoço quebrado. A mente destruída.
Entretanto, Tom sabe muito bem que nenhuma das notícias descrevia um homem sendo atacado.
É assim que você tem que pensar, decide ele, ainda parado na varanda. Forçando aquele pensamento para dentro da mente, vasculhando o solo para descobrir suas raízes, Tom se permite respirar, lentamente. E, ao fazer isso, outros sentimentos surgem.
Primeiro, há a sensação de liberdade, desenfreada e um pouco irresponsável.
Tom já saiu da casa desde que se mudou para lá. Foi buscar água no poço como os outros. Carregou urina e fezes até as valas. Mas dessa vez é diferente. O ar parece diferente. Pouco antes de ele e Jules concordarem em começar a andar, sentem uma brisa. Ela passa por seu pescoço. Pelos cotovelos. Pelos lábios. É uma das sensações mais estranhas que já teve.
Aquilo o acalma. Apesar de imaginar as criaturas à espreita, atrás de cada árvore e de cada placa, o ar límpido e fresco o arrebata.
Apenas por um instante.
— Está pronto, Jules? — pergunta.
— Estou.
Como homens de fato cegos, ambos tateiam o chão diante deles com as vassouras. Saem da varanda. Um metro à frente, Tom já sente que não está mais andando sobre o concreto. Com o gramado sob os pés, parece que a casa desapareceu. Ele está perdido. Vulnerável. Por um segundo, duvida que seja capaz de fazer isso.
Então pensa na filha.
Robin. Só vou buscar uns cachorros.
Isso é bom. Isso o ajuda.
A vassoura passa por cima do que deve ser o meio-fio e Tom pisa no concreto da rua. Ele para e se ajoelha. De joelhos, procura um dos cantos do jardim. Ele o encontra. Depois retira uma pequena estaca de madeira da mochila e a enfia na terra.
— Jules — diz —, marquei nosso gramado. Talvez a gente precise de ajuda para encontrar o caminho de volta.
Quando se levanta e se vira, Tom bate com força no capô de um carro.
— Tom — chama Jules. — Você está bem?
Tom se equilibra.
— Estou — responde. — Acho que acabei de bater no jipe da Cheryl. Senti a porta de madeira.
O som das botas e da vassoura de Jules guia Tom para longe do carro.
Em circunstâncias diferentes, com os raios do sol batendo direto em suas pálpebras, sem venda nem capacete para obscurecê-las, Tom sabe que veria um mundo de cores avermelhadas. Seus olhos fechados notariam os tons mudarem de acordo com as nuvens e com as sombras da copa das árvores e telhados. Mas hoje ele vê apenas a cor negra. E, em algum lugar da escuridão, imagina Robin, sua filha. Pequena, inocente, brilhante. Ela o incentiva a andar, ande, papai, para mais longe da casa, na direção de coisas que podem ajudar os que estão lá dentro.
— Merda! — exclama Jules.
Tom o ouve cair na rua.
— Jules! — chama Tom, paralisado. — Jules, o que aconteceu?
— Tropecei em alguma coisa. Está sentindo? Parecia uma mala.
Com a vassoura, Tom traça um amplo arco. As cerdas encontram um objeto. Tom se arrasta até ele. Pousando a vassoura a seu lado no asfalto quente, usa as mãos para sentir o que está ali, no meio da rua. Não demora muito para descobrir o que é.
— É um corpo, Jules.
Tom ouve o amigo se levantando.
— Acho que é uma mulher — diz Tom.
Então tira depressa as mãos do rosto dela.
Ele se levanta e os dois continuam.
Tudo parece acelerado demais. As coisas já estão acontecendo com muita rapidez. No velho mundo, encontrar um cadáver na rua exigiria horas para ser assimilado.
No entanto, eles seguem em frente.
Cruzam um gramado até alcançarem alguns arbustos. Atrás desses arbustos há uma casa.
— Aqui — informa Jules. — Tem uma janela. Estou tocando o vidro de uma janela.
Seguindo a voz do amigo, Tom se junta a Jules na janela. Eles tateiam os tijolos da casa até chegarem à porta da frente. Jules bate. Grita, chamando por alguém. Bate de novo. Os dois esperam. Tom fala. Teme que, naquele mundo silencioso, sua voz possa atrair alguma coisa.
Mas não vê outra opção. Explica aos possíveis habitantes daquela casa que não querem ferir ninguém, que estão ali procurando mais suprimentos, qualquer coisa que possa ajudar. Jules volta a bater. Eles ficam esperando mais uma vez. Não há movimento algum dentro da casa.
— Vamos entrar — diz Jules.
— Tudo bem.
Eles andam de volta até a janela. De dentro da mochila de lona, Tom tira uma pequena toalha. Ele a amarra em torno do punho. Então soca o vidro, quebrando-o. Não encontra cobertor algum. Nem papelão. Nem madeira. Ele sabe que isso significa que quem quer que morasse ali vivia sem proteção.
Talvez tenham deixado a cidade antes de a situação se agravar. Talvez estejam seguros em outro lugar.
Tom grita para dentro da casa através da janela quebrada.
— Tem alguém aí?
Sem obter resposta, Jules remove o vidro da janela. Depois ajuda Tom a se arrastar para dentro. Na casa, Tom derruba algum objeto, que cai com uma batida forte. Jules entra atrás dele pela janela.
Então os dois ouvem música, um piano, no mesmo cômodo em que estão.
Tom ergue a vassoura para se defender. Mas Jules fala com ele.
— Fui eu, Tom! — confessa. — Desculpe, minha vassoura bateu no piano.
Tom está ofegante. Ambos ficam em silêncio enquanto ele se acalma.
— Não podemos abrir os olhos aqui — informa Jules, baixinho.
— Eu sei — diz Tom. — A brisa está atravessando a sala. Tem outra janela aberta.
Ele gostaria tanto de poder abrir os olhos. Mas a casa não é segura.
— Mesmo assim, já estamos aqui — lembra Tom. — Vamos levar o que pudermos.
Mas a maior parte do primeiro andar não tem nada de útil. Na cozinha, eles vasculham os armários. Tom tateia uma prateleira até encontrar pilhas. Velas pequenas. Canetas. Enquanto guarda os objetos na mochila, anuncia cada um deles para Jules.
— Vamos para outro lugar — diz Tom.
— E o segundo andar?
— Não gosto daqui. E, se tivesse alguma comida, estaria aqui embaixo.
Com a ajuda das vassouras, os dois encontram o caminho até a porta da frente, a destrancam e saem de novo. Não voltam à rua. Em vez disso, cruzam o gramado até a casa vizinha, do lado oposto, distante de onde moram.
Nessa outra varanda, realizam o mesmo ritual. Batem. Informam quem são. Esperam.
Quando não escutam nenhum movimento do lado de dentro, quebram a janela. Dessa vez, é Jules quem faz isso.
Seu punho entra em contato com algum tipo de proteção frágil. Ele acha que é papelão.
— Pode ter alguém aqui dentro — sussurra.
Esperam alguma resposta para o barulho que fizeram. Não há nenhuma. Tom grita. Diz à casa que são vizinhos. Que estão procurando animais e que podem em troca oferecer abrigo.
Não há qualquer resposta. Jules tira os cacos de vidro e ajuda Tom a passar pela janela.
Lá dentro, recolocam o papelão no lugar.
Com as vassouras, vasculham a casa durante horas. Andando com as costas encostadas uma na outra, os dois movimentam as vassouras descrevendo arcos. Tom vai na frente, indicando o caminho a Jules. Quando terminam, quando ficam convencidos de que a casa está vazia, de que as janelas estão cobertas e que todas as portas, trancadas, Tom declara que o local é seguro.
Ambos sabem o que deve acontecer em seguida.
Vão retirar o capacete e a venda e abrir os olhos. Nenhum deles vê há meses nada além do interior da casa em que vivem.
Jules é o primeiro. Tom o ouve soltar o capacete. Então faz o mesmo. Depois de erguer a venda até a testa, Tom se vira, de olhos fechados, de frente para Jules.
— Pronto?
— Pronto.
Os dois homens abrem os olhos.
Uma vez, quando era criança, Tom e um amigo entraram na casa de um vizinho pela porta dos fundos, que estava destrancada. Não tinham um plano, um objetivo. Só queriam ver se eram capazes de fazer aquilo. Mas se deram mal, pois, ao se esconderem na despensa, tiveram que esperar a família toda acabar de jantar. Quando finalmente conseguiram sair, o amigo perguntou a ele como se sentia.
— Sujo — respondeu Tom, na época.
De olhos abertos agora, na casa de um estranho, ele se sente do mesmo jeito.
Esta não é a casa deles. Mas estão nela. Não são as coisas deles. Mas poderiam ser. Uma família morou ali. Havia uma criança. Tom reconhece alguns brinquedos. Uma foto revela que era um menino. O cabelo claro e o sorriso jovem fazem Tom se lembrar de Robin. De certa forma, tudo que viu desde a morte da filha faz Tom se lembrar dela. E estar ali, na casa de um estranho, o faz imaginar a maneira como viviam. A criança contando aos pais o que aprendeu na escola. O pai lendo sobre os primeiros incidentes no jornal. A mãe chamando o filho para dentro. Todos eles, reunidos no sofá, assistindo ao telejornal, assustados, enquanto o pai estica o braço por cima do filho e segura a mão da esposa.
Robin.
Não há qualquer vestígio de um animal de estimação. Nenhum brinquedo mastigado esquecido. Nenhuma caminha de gato. Nem cheiro de cachorro. Mas é sobre a ausência de pessoas que Tom está pensando.
— Tom — diz Jules —, vá conferir lá em cima. Vou continuar aqui embaixo.
— Está bem.
Ao pé da escada, Tom ergue o olhar. Tira a venda do bolso e a amarra sobre os olhos de novo. Apesar de terem conferido a casa toda, ele não consegue se forçar a subir a escada de olhos abertos.
Será que conferiram direito?
Ao subir, ele usa a vassoura para guiá-lo. Seu ombro esbarra em fotos penduradas. Ele pensa na foto de George, pendurada na parede de casa. A ponta da sua bota bate num degrau e ele tropeça. Sente o carpete com as mãos. Ele se levanta. Mais degraus. Tantos que parece impossível, como se já tivesse subido até o telhado da casa.
Por fim, as cerdas da vassoura o avisam que ele chegou ao topo. Mas a mente de Tom está distraída e ele tropeça de novo, desta vez em direção a uma parede. O segundo andar está silencioso. Ele se ajoelha e deixa o cabo de vassoura ao lado. Então pega a mochila e a abre, procurando a lanterna. Encontra-a. Voltando a se levantar, usa a vassoura para guiá-lo. Ao se virar para a direita, seu pulso bate em algo frio e duro. Ele para e tateia a coisa. É vidro, pensa. Um vaso. Sente um cheiro ruim. Não o havia sentido até então. Suas mãos alcançam um amontoado de folhas mortas e apodrecidas. Tateia os caules devagar e percebe que são flores.
Talvez rosas. Mortas há muito tempo. Ele se vira para a esquerda de novo. Tom sente o cheiro das rosas mortas desvanecer quando se depara com algo muito mais forte.
Ele para no corredor. Como Jules e ele não haviam sentido aquele cheiro?
— Olá?
Não há resposta. Tom cobre o nariz e a boca com a mão livre. O fedor é horrível. Ele continua pelo corredor. Ao encontrar uma porta à direita, entra num cômodo. É um banheiro.
As cerdas da vassoura ecoam no azulejo. Há o cheiro úmido e mofado dos canos sem uso. Ele mexe na cortina do chuveiro e confere a banheira com a vassoura. Então encontra o armário de remédios. Há frascos de comprimidos. Tom os guarda no bolso. Ajoelha-se e vasculha os armários embaixo da pia. Ouve algo atrás de si e se vira.
Tom está de frente para a banheira.
Você acabou de conferir aí. Não havia nada.
Uma de suas mãos está no balcão às suas costas. A outra ergue lentamente a vassoura. Ele a segura à sua frente, vendado.
— Tem alguém aqui comigo?
Tom dá um passo à frente, na direção da banheira.
Balança a vassoura uma vez. E de novo.
Sente o estômago revirar. Quente. O cheiro.
Tom dá um pulo para a frente e agita a vassoura com violência sobre a banheira. Confere o teto acima dela. Depois, voltando a se afastar, deixa a vassoura cair no chão do banheiro. Ela bate em alguma coisa e faz o mesmo barulho que ele ouviu ao se ajoelhar diante do armário.
Tom logo percebe que é uma garrafa de plástico. Está vazia.
Ele suspira.
Então sai do banheiro e continua a andar pelo corredor. Logo encontra outra porta. Está fechada. Ele consegue ouvir Jules se movendo ligeiramente no primeiro andar. Tom respira fundo e abre a porta. Está frio ali. A vassoura sugere que há algo à sua frente. Ele tateia e encontra um colchão. É uma cama pequena. Sem abrir os olhos, sabe que é o quarto do menino. Fecha a porta, vasculha o quarto inteiro com a vassoura, então acende a luz.
Em seguida, tira a venda e abre os olhos.
Há bandeiras penduradas na parede. De times esportivos locais. Uma do zoológico. A colcha exibe carros de Fórmula 1. Está abafado ali. Abandonado. Como há eletricidade, ele guarda a lanterna de volta na mochila. Faz uma busca rápida e percebe que não há nada de realmente útil. Ele pensa no quarto de Robin.
Depois, fecha os olhos de novo e sai.
Logo adiante, o cheiro fica ainda mais horrível. Não consegue deixar a boca descoberta.
No fim do corredor, encontra uma parede. Ao se virar, a vassoura bate numa porta atrás dele.
Tom fica paralisado enquanto a porta se abre devagar.
Você e Jules conferiram esse quarto? CONFERIRAM?!
— Olá?
Nenhuma resposta. Tom entra devagar. Acende as luzes e procura janelas nas paredes.
Encontra duas. Ambas estão muito bem protegidas com tábuas de madeira. O quarto é grande.
É a suíte principal.
Ele atravessa o quarto. O cheiro está tão forte ali que parece concreto, como se Tom pudesse tocá-lo. A vassoura o leva até o que parece ser um closet. Roupas. Casacos.
Considera levar aquilo com ele. Pensa no inverno que logo enfrentarão.
Virando-se, descobre outra porta, menor. Um segundo banheiro. Mais uma vez, confere o armário de remédios e as gavetas. Mais frascos de remédio. Pasta de dente. Escovas de dente.
Ele procura uma janela. Encontra. Coberta com tábuas de madeira. Usa a vassoura para guiá-lo para fora do banheiro. Fecha a porta atrás de si.
Certo de que conferiu as janelas, certo de que está seguro, Tom, parado ao lado do closet, abre os olhos.
Uma criança está sentada na cama, olhando para ele.
Tom fecha os olhos.
Será que as criaturas são assim?
Vocês não estavam seguros! NÃO ESTAVAM SEGUROS!
Seu coração está retumbando no peito. O que ele viu? Era um rosto. Um rosto velho? Não, era jovem. Jovem? Mas arruinado. Quer chamar Jules. No entanto, quanto mais seus olhos permanecem fechados, mais clara fica a imagem.
Era o menino. Das fotos do primeiro andar.
Ele volta a abrir os olhos.
O menino usa um terno. Encostado em uma cabeceira escura, o rosto está virado de forma artificial para Tom. Tem os olhos abertos. A boca escancarada. As mãos estão unidas no colo.
Você morreu de fome aqui, pensa Tom. No quarto dos seus pais.
Dando um passo para a frente, com a boca e o nariz tapados, Tom o compara às fotos.
Aquele menino ali parece mumificado. Como se tivesse encolhido.
Há quanto tempo você morreu? Quão perto estive de salvar você?
Ele encara os olhos sem vida do menino.
Robin, pensa. Sinto muito.
— Tom! — berra Jules do andar de baixo.
Ele se vira.
Atravessa o quarto e entra no corredor.
— Jules! Está tudo bem?
— Está! Está! Venha rápido! Encontrei um cachorro.
Tom está dividido. Como pai, não quer abandonar o menino. Robin jaz num túmulo atrás da casa que ele abandonou muito tempo atrás.
— Se eu soubesse que você estava aqui — diz Tom, virando-se para a suíte principal —, teria vindo antes.
Então ele se vira e corre para a escada.
Jules achou um cachorro.
Encontra o amigo no primeiro andar. Antes que consiga lhe contar sobre o menino, Jules já está andando pela cozinha, falando sobre o que descobriu. No topo da escada que leva ao porão, Jules aponta e pede que Tom observe. De perto. Ao pé da escada, deitados de costas, estão os pais. Vestidos como se fossem para a igreja.
As roupas estão rasgadas nos ombros. Sobre o peito da mãe há um pedaço de folha de caderno. Com um hidrocor, alguém escreveu: DeScanSSE EM Pas.
— Acabei de encontrar o menino que escreveu isso — informa Tom. — O menino que pôs os dois aí.
— Devem ter morrido de fome — diz Jules. — Não tem comida aqui. Não tenho ideia do que ele comeu para sobreviver.
Jules aponta para o fundo do porão. Tom se agacha e vê um husky encolhido entre casacos de pele pendurados em uma arara.
O cão está muito magro. Tom imagina que tenha se alimentado dos pais mortos.
Jules tira um pouco de carne da mochila de lona, arranca um pedaço e joga para o cachorro. De início, o animal se aproxima devagar. Então o devora.
— Será que é manso? — pergunta Tom, baixinho.
— Descobri — responde Jules — que um cachorro rapidamente se torna amigo das pessoas que o alimentam.
Com cuidado, Jules joga mais carne escada abaixo. Fala com o cão, incentivando-o.
Mas o cachorro exige certo esforço. E tempo.
Os dois homens passam o resto do dia na casa. Com a ajuda da carne, Jules está criando um vínculo. Nesse meio-tempo, Tom vasculha os mesmos lugares que Jules já verificou. Há poucas coisas que eles já não tenham em casa. Não encontra uma lista telefônica. Nem comida.
Jules, por conhecer cães muito melhor do que Tom, diz que eles não estão prontos para ir embora. Que o cachorro está muito arisco, ainda não confia nele.
Tom pensa nas doze horas que deu aos moradores da casa. Parece que o tempo está passando rápido.
Por fim, Jules informa que considera o cachorro pronto para sair.
— Então vamos — pede Tom. — Teremos que nos acostumar a ele enquanto andamos. Não podemos dormir aqui, com esse cheiro de morte.
Jules concorda. Mas é preciso algumas tentativas para pôr uma coleira no cachorro. Mais tempo passa. Quando Jules finalmente consegue, Tom decide mandar as doze horas para o espaço. Uma tarde lhes trouxe um cão — quem sabe o que a manhã do dia seguinte pode trazer.
Por outro lado, o tempo está mesmo passando depressa.
Na entrada da casa, eles apertam as vendas e vestem os capacetes. Então Tom destranca a porta da frente e os dois saem. Ele está usando seu cabo de vassoura, mas Jules usa o cachorro. O husky arqueja.
Cruzando o gramado outra vez, afastando-se ainda mais de Malorie, Don, Cheryl, Felix e Olympia, eles chegam a outra casa.
É nela, espera Tom, que ele e Jules vão passar a noite. Se as janelas estiverem protegidas, se uma busca lhes der confiança e se não forem recepcionados pelo cheiro de morte.

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